quarta-feira, 5 de novembro de 2008

COMPOSIÇÃO LIBERTA



quarto:

tudo parece acorrentado
ao fato:

“tudo que é
s
ó
l
i
d
o
se
des
mancha
no
a ...r ...”

do pára-peito da janela
a poeira
avista um grande mundo a conquistar
com sua infantaria urbana
soldados montados de sons do tráfego
ônibus, motos...
troços motorizados
em convulsões
que cospem
monóxido frenético da desordem progresso...
tudo no quarto
sob áspero verniz
cinza
seca
neblina

por entre os ditos
por entre os livros
por entre os cantos
por entre as cortinas
por entre cd dvd cd dvd cd dvd

inevitável poeira
inevitável partícula
que traz em si
a profecia
do perecer.

niterói, 7 de setembro de 2007_13:59.
Nino Santos

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Férias

... e as férias se despedem
ardentemente:
bife de fígado fritando...
Sim! Nossa cozinha
é discipula de Sísifo...

um converssor não baixa:
nossas línguas-programas
não identificam
íntimos arquivos...

náufragos do cyber space
na tormenta do entardecer chuvoso
um choro
existir
no tempo
espaço:

cai a tarde...
e nem será preciso molhar as plantas...

e as férias se despedem
com ternura:
um improviso ato
se voluntaria para nadar
nossas correntezas.
o canal de sempre
que agora não é o mesmo
reflete o choro do céu...

a chuva
na tarde
cai.

Pirafubá, 18/02/2008_17:06
Nino Santos